Um comentário sincero sobre o estado atual da Academia
Começar o Doutorado na UFMG (Cedeplar) tem sido um grande alento. Não que não tenha tido que contornar os ansiogênicos que se tornaram tão caros à academia brasileira nas últimas décadas, como os atrasos nebulosos nas bolsas e a completa ausência de expectativas concretas de recebê-las. Verdade seja dita, as preocupações do jovem acadêmico brasileiro são muito mais cômicas e caricatas do que as angústias da competição que vi e ouvi no exterior, ao menos para um ‘rapaz latino-americano’ formado no seio de uma elite capenga sem qualquer paixão pela excelência.
Há pouca cobrança - se não levarmos em conta as contas a serem pagas que risonhamente admiro empilhadas, enquanto escrevo, sobre a cadeira quebrada que se apoia na parede - aos alunos por parte dos professores, e muita cobrança aos professores por parte dos alunos para que lhes cobrem ainda menos. Já estava acostumado a contemplar essa pressão diária dos discentes aos docentes desde a graduação. É natural que um ambiente de relacionamentos assim estabelecidos seja pouco propenso à produtividade intelectual, e que os incentivos à certa ‘alienação’ no campus sejam grades. Mas que bom que é assim. Não digo que seria bom que se continuasse assim para sempre, mas que é bom que, por ora, assim seja. Atravessando os portões da universidade, a vida parece mudar de ritmo. De certo, falta à educação superior brasileira o componente liberal (o único que pode, mas nem sempre é, libertador) que há não muito tempo produziu tantos catedráticos brasileiros que mais do que pesquisadores eram mestres absolutos do bom português, da complexidade teórica e da Educação com ‘e’ maiúsculo.
Mas num mundo como o nosso, não consigo pensar em qualquer revolta cultural mais importante do que se alienar voluntariamente, romper com suas imposições, respirar em paz. É, no fundo, uma negação, um produto dialético, caso se prefira o jargão hegeliano. O estado atual da Academia no Brasil não é como tantos membros da nossa nova direita TikTok (que, mais do que políticos, são hoje verdadeiros produtores de conteúdo) descrevem, uma afronta positiva e aterradora a tudo que é mais sagrado, como, por exemplo, o comando dado por Deus, quando do desterro de Adão e Eva e a nós imposto pela hereditariedade congênita, de vestirmos um terno preto sob o Sol quente, fazermos nossas orações matutinas conjuntas no ônibus durante o engarrafamento dando um bocejo para cada logo avistado das janelas (ó, bendito sejas vós, Logos que planejastes desde o início com Suprema Sabedoria nossa iconografia urbana!), subir as escadarias da firma de joelhos e, enfim, sentar em nosso banco da Misericórdia diária, onde podemos gloriosamente bater nas teclas de um computador em um escritório labiríntico feito de divisórias de Drywall, opus Dei.
A Universidade, verdade seja dita, tornou-se um refujo para aqueles que não aguentam mais fingir que se encaixam fora dela. Reconhecer essa e outras distorções que hoje convivem em flagrante, mas silencioso, contradição com o propósito da vida universitária não é incitar que ela seja vista com culpa. Todos sabemos muito bem, e não há razão para fingir desconhecimento, que a graduação, hoje, tem muito menos a ver com uma oportunidade de se receber uma Educação Superior do que em conseguir um estágio e um diploma, para então ingressar num trabalho que tão indigno quanto qualquer outro, ao menos paga um salário um pouco menos injusto do que a maioria. Também sabemos que a pós-graduação, hoje, tem muito menos a ver com um modo de vida acadêmico do que com um pavor, uma rejeição radical à indignidade do mercado de trabalho atual, e muitos dos que fazem dela um retiro, fazem-no para sanar alguma parte da alma que adoeceu após a formatura.
Que os universitários se neguem a ser regidos pelas mesmas leis supostamente inelutáveis do progresso que imperam fora de seus muros só pode significar que ao menos algum resquício verdadeiro de uma Universidade fora salvaguardado, e nesse caso me parece ser seu princípio fundador: a Carta, a Constituição que garantia às associações acadêmicas medievais sua autonomia enquanto corpo dedicado aos estudos. Mesmo em seus estados mais deprimentes - e ninguém há de negar que a Academia, mundialmente, vive a base de Xanax e Rivotril - ao menos a Universidade não é um, ainda, um cadáver cujo corpo ainda aparenta estar vivo, pois performa suas funções mais maquinais, mas a alma já tendo o abandonado levou consigo qualquer chance de não cair entregue aos braços da Moça Caetana. Adorno, em Minima Moralia, captou precisamente que não há como sequer sonhar-se com condições absolutamente novas e quem dirá construí-las sem antes rejeitar-se, opor-se, dar-se as costas ao que há de absolutamente errado. A esperança mantém-se lá no fundo da Caixa de Pandora, mesmo quando todos os males lhe escaparam: “já não há beleza nem consolação alguma exceto no olhar que, ao virar-se para o horror, o defronta e, na consciência não atenuada da negatividade, afirma a possibilidade do melhor,” ele escreveu (Adorno, 2001, p. 14). Na dialética negativa, inconsciente ou não, ainda está abrigada a raison d’être da Universidade: “the gift of an interval.” [1] A atividade universitária não foi feita para ter propósitos exteriores a ela mesma. Ela é toda construída em torno da aceitação de um certo tipo de lazer dispendioso que hoje não encontra lugar no mundo:
“The enjoyment of [the university] ... does not depend on any definable pre-existing privilege or upon the absence of the necessity of earning one's living in the end - it is itself the privilege of being a ‘student’, the enjoyment of schole - leisure. ... We who belonged to no "leisured class" had been freed for a moment from the curse of Adam, the burdensome distinction between work and play. ... The distracting urgency of an immediate destination was absent ... But somehow or other the idea of a university in recent years has got mixed up with notions such as ‘higher education’, ‘advanced training’ ... these ideas belong to a world of power and utility, of exploitation, of social and individual egoism, and of activity whose meaning lies outside itself in some trivial result or achievement - and this is not the world to which a university belongs; it is not the world to which education in the true sense belongs. It is a very powerful world, it is wealthy, interfering and well-meaning. But it is not remarkably self-critical; it is apt to mistake itself for the whole world, and with amiable carelessness it assumes that whatever does not contribute to its own purposes is somehow errant” (Michael Oakeshott, 1989) [2].
Nada pode me aprazer mais em uma época de marcada por reclamações cômodas da boca para fora do que ainda ver um campus capaz de se suspender no tempo para poder inspirá-lo com calma. Claro, toda calmaria tem tempo de duração; Éolo por vezes sopra seus ventos quando menos desejamos ir a algum lugar e só rezamos pela calmaria, pois quem nunca quis que uma viagem durasse mais? Não é difícil naufragar, e o campus não está tão assim acima do nível do mar que não tenha lá seus bancos de areia aos pés das rochas desgastadas.
Mas se há tão pouco tempo mestrados duravam 4 anos, doutorados comumente 6, se a pesquisa era longa, os debates rotineiros, as disputationes atraíam públicos animados com o espetáculo de um pupilo que defende seu ponto e o sustenta à beira do cognoscível, que movimenta com eloquência seus sabres verbais fazendo ao máximo para focar na esperança de uma autonomia intelectual reconhecida por pares, enquanto gotas de suor já lhe escapam a face e levam consigo parte do calor vital enquanto atiram-se no abismo da mediocridade, esperando que seu mergulho venha logo em seguida; enfim, se a vida acadêmica era um Ato da Peça, encerrado em si mesmo, definitivo, mas ainda assim parte de um todo completo por diversas modalidades de vida que vêm a definir a existência Humana, só pode ser admirável de se ver que a atitude média da academia brasileira, seja por parte dos entrantes como dos ficantes, tenha permanecido a mesma, uma graciosa indiferença aos problemas, à redução do valor e da quantidade de bolsas, à redução do tempo de graduação e de pós-graduação, à redução dos financiamentos aos projetos, ao desinteresse e desconhecimento completo de seu trabalho que se revela nas abundantes e vagas reclamações dignas de pena de um redor moralmente falido e afogado no ácido lático de músculos esgotados que mecânica e organicamente cabriolam suas últimas câimbras contra as compulsões utilitaristas que nos dominaram.
Mesmo tendo que encontrar emprego fora do programa para conseguir me sustentar, não pude senão rir em conjunto quando um de meus professores perguntou-me, com olhar teatral, “mas não está recebendo a bolsa ainda?!” como se houvesse qualquer surpresa nisso! Todos sabemos que não há como produzir uma tese de doutorado profundamente relevante em 3 anos; todos sabemos que não há como produzir uma boa pesquisa sem viagens acadêmicas; todos sabemos que quanto menos recursos houver na educação universitária, menos úteis serão seus resultados, e a retórica reacionária vai assim conseguindo realizar suas próprias profecias!
Mas que bom, que bom que ao menos um lugar não se rendeu! Que ainda há onde a abnegação seja bem sucedida, ainda que seja preciso rir de nervoso vez ou outra para desabafar. Como os Mosteiros, que surgiram, não coincidentemente, em meio a hostilidades generalizadas e disputas impiedosas de poder, as Universidades são hoje o lugar em que nós, acadêmicos, podemos sorrir agradecidos por ainda podermos ler, escrever, e, principalmente, conversar uns com os outros, orando em atos, pensamentos e palavras para que a inutilidade radical da academia volte a inspirar uma nova vida.
É na água parada, não na corrente turbulenta dos rios, que podemos ver nossos reflexos. Enquanto acadêmicos por vocação - e, portanto, não me refiro aqui aos acolhidos que veem na academia a possibilidade de não fazer mais nada - somos chamados a uma vida que se percorre em outro ritmo. Nossa esperança é que, tal como valorizamos os infatigáveis empreendimentos da miríade de criadores, inventores, curadores e artistas campus afora, um dia volte-se a se olhar com no mínimo apatia para nossa escolha de vida, em vez desse desprezo mórbido e corruptível com que se reclama, atualmente, dos “privilégios” universitários.
Que um dia o inconsciente coletivo volte a propiciar sonhos como os que afligiram tanto o carpinteiro mal caráter de uma das histórias confucionistas de Zhuangzi! Ao irritar-se com seu ajudante que admirava uma árvore antiquíssima, espécie típica da China, reclamou:
“Stop! Say no more! This is worthless lumber! As a ship it would soon sink, as a coffin it would soon rot, as a tool it would soon break, as a door it would leak sap, as a pillar it would bring infestation. This is a talentless, worthless tree. It is precisely because it is so useless that it has lived so long!” (Zhuangzi, 2020) [3].
Tal como a voz truculenta e casmurra do carpinteiro cansou os ouvidos de seu aprendiz, a voz da árvore veio atormentá-lo à noite, ao tentar descansar de seu trabalho profundamente útil:
“What do you want to compare me to, one of those cultivated trees? ... Their large branches are bent, their small branches are pruned. Thus do their abilities embitter their lives. That is why they die young, failing to fully live out their Heaven-given lifespans. They batter themselves with the vulgar conventions of the world, as do all the other things of the world. As for me, I've been working on being useless for a long time. It almost killed me, but I've finally managed it - and it is of great use to me! If I were useful, do you think I could have grown to be so great?” (Zhuangzi, 2020) [4].
Enquanto por toda parte se ouvir que a segunda instituição mais antiga do mundo é inútil, enquanto ela for sabotada por dentro e por fora, enquanto a demanda por sua continuidade vai se rendendo aos coros desafinados de papagaios pregadores do desdém obsceno por aqueles que nela se aventuram, enquanto dentro dela mesmo alguns decidem que o melhor é que ela deixe de ser o que é preservando seu nome e brasão, tal como os prédios históricos do Centro do Rio de Janeiro cuja fachada permanece linda mas pelas janelas vê-se que o que havia atrás há muito sucumbira, estarei eu, silenciosamente, agradecido, amável, vivendo as felicidades que a academia enquanto way of life me permite, sem precisar pregar nada, sem precisar estar às vistas, provando para mim mesmo por atos e não por omissões a dignidade de minhas decisões. Espero não transparecer aqui soberba apenas porque cantarolo comigo mesmo hinos antigos cuja Verdade é atemporal…
Look upon all the gold in the world’s mart,
On all the tears the world hath shed in vain;
Shall they not satisfy thy craving heart?
I have enough of loss, enough of gain;
I have my Love, what more can I obtain?- Divan of Hafiz
Meu maior lamento, todavia, é que mais do que nunca, a consciência de nossos pecados nos é alheia; nuvens cobrem nosso julgamento. Se para Marx era tão óbvio que o Capitalismo viria a sucumbir em troca de uma ‘democracia proletária’, era porque seus movimentos ideacionais espalhar-se-iam materialmente para as classes mais baixas. A consciência de classe não vem sem livros e panfletos. De fato, a Revolução Industrial significou, por um tempo, que pela primeira vez na história uma multidão de pessoas ‘ordinárias’ - que adjetivo presunçoso! - mudaram seus hábitos alimentares e passaram a devorar os papéis que saíam da prensa móvel de Gutenberg porque viam neles a chance de competir intelectualmente com seus empregadores.
Folhetins circulavam com o que havia de melhor em seu vernáculo e em sua cultura. Ideias degladiavam-se na arena pública, estendendo as preocupações políticas e morais para o seio das residências e das fábricas. Pela primeira vez, educar-se se tornara um grande valor popular, um dever moral acessível a todos. A liberdade para ser crítico, não precisar de 4 canecas de cerveja para começar a balbuciar os desconfortos estocados no peito com a desumanidade de nossas obrigações servis com um trabalho sem sentido, foi uma revolução - o “Iluminismo em segundo grau” como alguns chamam.
Todavia, o “direito ao trabalho” tornou-se um alistamento militar compulsório - “Não é isso a boa e velha escravidão disfarçada?” perguntou-me o avô de 93 anos de minha amiga outro dia, quando soube que eu estava a fazer um doutoramento… Conseguimos desdizer todas as previsões e nos tornar uma Sociedade da Distração! Se soubesse, Marx, quão poderosa seria a alienação cultural do produtivismo maníaco que seria formado no século seguinte, talvez teria pegado mais leve com seu genro, Paul Lafargue, que escrevera um famoso ensaio intitulado “O Direito de Ser Preguiçoso” em 1883, onde dizia:
“Capitalist morality, a pitiful parody of Christian morality, anathematizes the flesh of the worker. Its dream is to reduce the producer to the smallest number of needs, suppress his pleasures and passions, and sentence him to playing the role of a machine, turning out work without respite or thanks … A strange madness has taken hold of the working class in nations where capitalist civilization reigns. This madness drags in its wake the individual and social sufferings that, for two centuries now, have tormented poor humanity. This madness is the love of work, the moribund passion for work, pushed to the point where the vital forces of the individual and his progeny are exhausted. Instead of taking action against this mental aberration, priests, economists, and moralists have declared work sacrosanct. … Work ought to be prohibited, not imposed. The Rothschilds and the Says, too, will be eligible to give proof that they have, their whole lives long, been perfect good-for-nothings … Like Christ, the doleful personification of ancient slavery, the men, women, and children of the proletariat have been hauling themselves up the hard Calvary of sorrow for a century; for a century, forced labor has broken their bones, bruised their flesh, and pinched their nerves; for a century, hunger has twisted their entrails and warped their brains! Oh, Laziness, take pity on our long destitution! Oh, Laziness, mother of the arts and noble virtues, be thou the balm to heal human sufferings!” (Paul Lafargue, 2023) [5].
A Universidade é o Templo da Modernidade. Já é hora de voltarmos a tratá-la como espaço sacro e admirá-la ao longe, no topo do morro, pela cruz que carrega. Já é hora de nos voltarmos a ela, e andarmos em sua direção.
Notes
[1] “… the gift of an interval” em Português: o presente de um intervalo.
[2] “The enjoyment of [the university]…” em Português: O desfrute [da universidade]... não depende de nenhum privilégio preexistente definível ou da ausência da necessidade de ganhar a vida no final – é em si o privilégio de ser um ‘estudante’, o desfrute da schole – lazer. ... Nós, que não pertencíamos a nenhuma “classe ociosa”, fomos libertados por um momento da maldição de Adão, da distinção penosa entre trabalho e lazer. ... A urgência perturbadora de um destino imediato estava ausente... Mas, de alguma forma, a ideia de universidade nos últimos anos se confundiu com noções como ‘educação superior’, ‘treinamento avançado’... essas ideias pertencem a um mundo de poder e utilidade, de exploração, de egoísmo social e individual, e de atividade cujo significado reside fora de si mesma, em algum resultado ou conquista trivial – e este não é o mundo ao qual uma universidade pertence; não é o mundo ao qual a educação, no verdadeiro sentido da palavra, pertence. É um mundo muito poderoso, rico, intrometido e bem-intencionado. Mas não é notavelmente autocrítico; é capaz de se confundir com o mundo inteiro e, com descuido amável, assume que tudo o que não contribui para seus próprios propósitos é de alguma forma errante.
[3] “Stop! Say no more!”… em Português: Pare! Não diga mais nada! Esta madeira é inútil! Como um navio, logo afundaria, como um caixão, logo apodreceria, como uma ferramenta, logo quebraria, como uma porta, vazaria seiva, como um pilar, traria infestação. Esta é uma árvore sem talento e sem valor. É precisamente por ser tão inútil que viveu tanto!
[4] “What do you want…” em Português: Com o que você quer me comparar, uma dessas árvores cultivadas? ... Seus galhos grandes são tortos, seus galhos pequenos são podados. Assim, suas habilidades amargam suas vidas. É por isso que morrem jovens, sem viver plenamente a vida que lhes foi dada pelo Céu. Eles se castigam com as convenções vulgares do mundo, assim como todas as outras coisas do mundo. Quanto a mim, venho me esforçando para ser inútil há muito tempo. Quase me matou, mas finalmente consegui - e é de grande utilidade para mim! Se eu fosse útil, você acha que poderia ter me tornado tão grandioso?
[5] “Capitalist morality…” em Português: A moral capitalista, uma paródia lamentável da moral cristã, anatematiza a carne do trabalhador. Seu sonho é reduzir o produtor ao mínimo de necessidades, suprimir seus prazeres e paixões e condená-lo a desempenhar o papel de uma máquina, produzindo trabalho sem trégua ou agradecimento... Uma estranha loucura tomou conta da classe trabalhadora em nações onde a civilização capitalista reina. Essa loucura arrasta em seu rastro os sofrimentos individuais e sociais que, há dois séculos, atormentam a pobre humanidade. Essa loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda pelo trabalho, levada ao ponto em que as forças vitais do indivíduo e de sua progênie se esgotam. Em vez de agir contra essa aberração mental, padres, economistas e moralistas declararam o trabalho sacrossanto. ... O trabalho deve ser proibido, não imposto. Os Rothschilds e os Says também poderão dar provas de que, durante toda a sua vida, foram perfeitos inúteis... Como Cristo, a triste personificação da escravidão antiga, os homens, mulheres e crianças do proletariado têm se arrastado pelo duro Calvário da dor por um século; por um século, o trabalho forçado quebrou seus ossos, machucou sua carne e apertou seus nervos; por um século, a fome torceu suas entranhas e deformou seus cérebros! Ó, Preguiça, tem piedade de nossa longa miséria! Ó, Preguiça, mãe das artes e das nobres virtudes, sê o bálsamo para curar os sofrimentos humanos!
Bibliography
Theodor Adorno (2001), Minima Moralia, Edições 70, Lisboa.
Divan of Hafiz (1928), Poems from Divan of Hafiz, William Heineman, London.
Michael Oakeshott (1989), ‘The Idea of a University’ In Timothy Fuller (org.), The Voice of Liberal Learning, pp. 105-117.
Paul Lafargue (2022), ‘The Right to be Lazy’ In The Right to be Lazy and Other Writings, New York Review Books, Nova Iorque.
Theodor Adorno (2001), Minima Moralia, Edições 70.
Zhuangzi (2020), ‘In the Human World’, In The Complete Writings, Hackett Publishing Company, Indianapolis, pp. 34-44.